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Masturbação feminina, um tabu que ainda persiste

Masturbação e orgasmo feminino


Mulheres que se masturbam têm mais facilidade para chegar ao orgasmo



Mesmo com todas as conquistas do sexo feminino ao longo dos tempos, a masturbação feminina ainda é um tabu. De acordo com a última pesquisa realizada em 2008 pela Mosaico Brasil, os dados apurados sobre o tema pela coordenadora do Prosex (Programa de Estudos em Sexualidade) da USP (Universidade de São Paulo), Carmita Abdo, cerca de 40% das mulheres brasileiras nunca se masturbaram.

Para explicar por que a masturbação é mais comum para eles do que para elas, a UOL Comportamento, entrevistou especialistas que citaram motivos culturais e anatômicos, no que se referem à diferença dos órgãos genitais de homens e mulheres, já que o acesso ao pênis é mais fácil do que ao clitóris ou à própria vagina.

Segundo Carmita, o maior estímulo para a automanipulação masculina também acontece porque o pênis está exposto a todo o momento, até mesmo para urinar é preciso segurá-lo. “O menino maneja seu pênis várias vezes ao dia. Isso o deixa mais tranquilo e torna esse ato uma coisa natural”, explica.

Já para a mulher, o autoconhecimento não é tão fácil, pois o órgão genital é interno e, muitas vezes, qualquer tentativa de manipulá-lo é reprimida e vista com preconceito. Para Eliane Maio, psicóloga, sexóloga e professora doutora da UEM (Universidade Estadual de Maringá), no Paraná, a diferença está na educação, por vezes sexista.

“Homens, geralmente, são incitados desde pequenos a se tocarem, apreciarem o sexo oposto... Meninas não são educadas assim. Devem ser reservadas, pudicas, não manifestarem desejos sexuais, muito menos se tocarem”, afirma.

Apesar de todos os motivos que cercam o tabu da masturbação feminina, a vontade da mulher em iniciar qualquer tipo de prática que envolva descobrir seu corpo tem grande peso para que o número de mulheres que não se masturba caia.

Carmita explica que qualquer assunto relacionado aos genitais femininos não é aceito e isso também mostra um pensamento retrógrado.

“As mulheres têm muita dificuldade e são resistentes em fazer qualquer tipo de tratamento que envolva os seus genitais, por exemplo, usar o absorvente interno, anticoncepcional em anel (que é colocado dentro da vagina), creme vaginal para tratar pequenas doenças... Nada é encarado com tranquilidade, inclusive para as que não iniciaram a vida sexual, pois têm receio de romper o hímen com qualquer coisa”, fala.

Muitos desses empecilhos colocados pela própria mulher estão aliados à falta de conhecimento. Para conhecer o próprio corpo e entender como tudo funciona, estratégias simples podem ajudar.

“Nada acontecerá se ela não quiser. O diálogo aberto com o ginecologista ou sexólogo pode melhorar a situação. A mulher precisa entender como ela é”, afirma Sônia Eustáquia, psicóloga clínica e especialista em sexologia, neurociências e psicanálise.

De acordo com as especialistas, a dificuldade para chegar ao orgasmo é o maior prejuízo para aquelas que não se masturbam. E isso acontece justamente por não saberem o que lhes dá ou não prazer.

“Se a mulher nunca conseguiu usufruir do prazer sexual, é importante que ela tenha liberdade com parceiro para falar sobre o assunto e tornar o sexo mais interessante para ela. Muitas reclamam que nunca sentiram nada em uma relação, mas nem saberiam explicar para o par o que gostariam que ele fizesse”, afirma Carmita.

Eliane lembra que algumas disfunções sexuais também podem ser consequência da falta da automanipulação, como dispareunia (dor na penetração) e vaginismo (dificuldades de penetração).


Fonte: mulher.uol.com.br

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