Há apenas três meses no ar, o programa Domingo Show, já mostrou que faz do sensacionalismo e da exploração do drama alheio a sua matéria prima. Todos os domingos, o apresentador Geraldo Luis repete a fórmula. Durante mais de uma hora, enrola o público em torno de uma história de apelo popular, quase sempre envolvendo alguma pessoa antes muito conhecida e hoje esquecida.
No último domingo (22), o programa explorou ao máximo a desgraça de Antônio Pedro de Souza e Silva, o Russo. Durante 46 anos, Russo foi operador de áudio e assistente de palco da Globo. Ele é da era de Chacrinha, encerrada no final dos anos 1980. No programa, fazia o papel que o anão Marquinhos faz no show de Geraldo Luis, o de palhaço sem maquiagem e aberração.
Russo, que já tem 83 anos, se aposentou há mais de 20, mas mesmo assim continuou trabalhando na Globo. Passou pelo Domingão do Faustão, Xuxa e Caldeirão do Huck. Em março deste ano, depois de sofrer um infarto no trabalho, a Globo o obrigou a ficar em casa e bloqueou seu crachá, o impedindo de entrar no Projac, a central de estúdios da Globo.
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O drama de Russo, inegavelmente, é notícia. Mas na boca da Record soa a oportunismo. A emissora usou a dor de Russo para atacar a Globo, sua principal concorrente. Numa imagem simbólica, o crachá de Russo na Globo foi quebrado ao meio pelos computadores da Record. Geraldo Luis chegou a dizer que o assistente de palco é "uma lenda viva da TV brasileira", e que "alguém que fica 50 anos numa empresa é mais do que funcionário", é "patrimônio".
A mensagem que a Record quis passar foi a de que a Globo descarta seus "talentos" sem a menor cerimônia quando eles ficam velhos e não servem mais. Nas entrelinhas, disse que a Globo é cruel, desumana. Não é bem assim. Primeiro, o capitalismo é assim, as pessoas envelhecem e são obrigadas a se aposentar, dar lugar aos mais jovens. Segundo, a Globo, diferentemente da Record, tem uma política de recursos humanos das mais invejáveis entre todas as empresas do país.
Essa não é a primeira vez que o programa da Record, que é produzido pelo departamento de jornalismo, explora a desgraça alheia e alfineta a concorrência ao mesmo tempo. Começou com Rodolfo, da dupla com ET, que processa o SBT, e prosseguiu com Zina (Rede TV!) e familiares de Mussum (Globo). Carreiras acabam, mas no Domingo Show isso só acontece na concorrência.
No caso de Russo, o que chamou a atenção foi a forma como a Record escancarou que comprou a entrevista. No final, Geraldo Luis, que trabalha cercado por anão, um galo, uma "candinha" e até um sujeito fantasiado de morte, se desculpou com Russo. O assistente de palco, que esperava uma nova oportunidade de trabalho, vai continuar sonhando com a casa própria: "É que eu não tenho a caneta, mas se tivesse eu contratava o Russo". E entregou um cheque de R$ 10 mil para ajudá-lo.
A entrevista foi paga no palco, sem cerimônias. A Record, sim, usou e abusou de Russo. Ele só serviu para atacar a Globo.
Essa não é a primeira vez que o programa da Record, que é produzido pelo departamento de jornalismo, explora a desgraça alheia e alfineta a concorrência ao mesmo tempo. Começou com Rodolfo, da dupla com ET, que processa o SBT, e prosseguiu com Zina (Rede TV!) e familiares de Mussum (Globo). Carreiras acabam, mas no Domingo Show isso só acontece na concorrência.
No caso de Russo, o que chamou a atenção foi a forma como a Record escancarou que comprou a entrevista. No final, Geraldo Luis, que trabalha cercado por anão, um galo, uma "candinha" e até um sujeito fantasiado de morte, se desculpou com Russo. O assistente de palco, que esperava uma nova oportunidade de trabalho, vai continuar sonhando com a casa própria: "É que eu não tenho a caneta, mas se tivesse eu contratava o Russo". E entregou um cheque de R$ 10 mil para ajudá-lo.
A entrevista foi paga no palco, sem cerimônias. A Record, sim, usou e abusou de Russo. Ele só serviu para atacar a Globo.
Fonte: uol.com.br